quarta-feira, 7 de maio de 2014

Puberdade precoce é cada dia mais comum entre meninas com menos de 10 anos

Renata Rodrigues
A qualquer sinal de puberdade precoce, é ideal procurar um médico o quanto antes. Foto: Reprodução/Internet
A puberdade precoce nos meninas e meninos tem se tornado cada dia mais comum. Não é raro casos de meninas com menos de 10 anos ter a primeira menstruação. A conversa entre a familia e a procura de auxílio médico podem evitar problemas no futuro. A chegada antecipada dessa nova fase deixa sinais evidentes, na mente e no corpo.

Os mais visíveis são a formação gradual das mamas e o crescimento de pelos espessos nas axilas nos órgãos genitais nas meninas e crescimento do pênis e alteração na voz nos meninos.  Além disso, os hormônios sexuais, produzidos em maior quantidade só no final da infância, circulam em níveis elevados.

Situação semelhante foi vivida pela autônoma Magda Amorim de Barros. Hoje com 37 anos, ela ainda apresenta distúrbios na frequência do ciclo menstrual. A primeira menstruação foi precoce, aos oito anos. Assustada ela buscou orientação da avó, com quem morava na época. “Desde os sete anos minha vózinha ensinava sobre o que é a menstruação, e para que serviam os preservativos.  A explicação dela sobre sexo ajudou a me cuidar na adolescência”, lembrou.

À sua avó, amiga e conselheira, ela passou a contar os problemas enfrentados no inicio do ciclo menstrual. Ainda criança, ela lembra que ficou assustada com a situação. “A menstruação veio cedo de mais, sentia muita dor no corpo e cólicas, era muito ruim porque também vinha sempre desregulado. Durante seis meses não sentia cólicas, sempre tinha dores diferentes. Só a partir dos meus 11 anos que começou a vir certinho”, lembrou Magda.

Apesar de não existir comprovação científica que ateste que a puberdade precoce seja hereditária, a ginecologista Alessandra Amaral conta que durante a consulta o histórico familiar é importante para auxiliar no diagnóstico. “Converso com as mães, que em geral são quem levam as crianças às consultas, pergunto sobre a puberdade do pai, dos tios e dos avós. É importante saber com que idade o corpo deles se desenvolveu”, afirmou.

Coincidência ou não, a questão hereditária é atestada pelo conhecimento popular. Essa é a explicação encontrada por Magda Barros, que das três irmãs por parte de pai, todas elas iniciaram a puberdade precocemente. Com apenas nove anos, Dione e Diovane Barros tiveram a menarca, primeira menstruação, já a caçula, Diomara Barros, aos 7 anos de idade. Contrariando a data antecipada deste período, a avó das meninas, Leandra Barros, menstruou aos 17 anos.

Nas últimas décadas tem sido mais comum o registro da queda progressiva na idade que as crianças entram na puberdade, momento da passagem entre a infância e a vida adulta. De acordo com os médicos, se antes era comum à menina ter a primeira menstruação entre 14 e 16 anos, hoje isso ocorre entre 10 e 13 anos.

Segundo a ginecologista, alguns pais quando levam as crianças ao consultório, com indícios de puberdade precoce, imaginam que o tratamento traga resultados rápidos. “Tratar demais também gera um problema. A criança não vai tomar apenas um remédio e ir para casa. Ela passará a fazer exames com frequência, e vai tomar injeções mensais para bloquear os hormônios”, alertou.

A recomendação é que na presença de qualquer sinal que demonstre a puberdade precoce, é importante procurar um médico para avaliação. Entretanto, por falta de informação, não foi esta a atitude que a autônoma, Flávia Barros, teve. O ciclo menstrual da filha Magda começou aos 11 anos. Como na família Barro havia histórico de situação semelhante, a mãe acabou interpretando a situação como corriqueira.

A conversa entre mãe e filha é extremamente importante,
tanto sobre o ciclo menstrual como a sexualidade
Foto: Reprodução
“O que os pais precisam fazer é levar seus filhos aos médicos para diagnosticar o quanto antes, para evitar complicações futuras. Nós, médicos, estamos estudando mais sobre este assunto, pois está se tornando cada vez mais comum este tipo de casos”, esclareceu a ginecologista.

A dona de casa Dione Barros, irmã da personagem inicial desta reportagem,  Magda Barros, teve o ciclo menstrual interrompido aos 32 anos, tempo muito antes do que o normal, que geralmente é aos 50 anos. Apesar da medicina também não comprovar a antecipação da menopausa, por conta da antecipação da menstruação, Dione está preocupada com a situação. “Eu não consigo nem dormir. Estou aflita, ainda nova para ter esses sintomas. Aguardo o resultado dos exames. Tenho uma filha pequena e quero evitar essa situação no futuro, por isso já quero levá-la ao médico o quanto antes”, desabafou.

Ainda de acordo com a ginecologista, o diálogo familiar é fundamental para enfrentar este tipo de situação. “A conversa entre mãe e filha é extremamente importante, tanto sobre o ciclo menstrual como a sexualidade. Afinal, quando a mulher está nesse período é o momento que a fertilidade está em ação e os hormônios se desenvolvem gradativamente”, finalizou.

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